A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibiu a Meta — empresa proprietária das redes sociais Facebook e Instagram, além do aplicativo de mensagens WhatsApp — de utilizar dados de usuários brasileiros para treinar suas plataformas de inteligência artificial (IA).
A decisão foi motivada pela identificação de irregularidades na nova política de privacidade da Meta, que a ANPD considerou de alto risco e de difícil acesso para os usuários. Segundo a ANPD, a política não oferece clareza suficiente sobre como os dados são coletados, utilizados e protegidos, o que pode comprometer a privacidade e segurança dos usuários.
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Irregularidades na Política de Privacidade
A ANPD apontou que a nova política de privacidade da Meta apresenta falhas significativas que dificultam o entendimento dos usuários sobre o uso de seus dados. Entre as principais preocupações, estão:
- Transparência Insuficiente: A política de privacidade não fornece informações claras e acessíveis sobre como os dados dos usuários serão utilizados para o treinamento das IAs.
- Riscos Elevados: O uso dos dados para treinar IA é considerado de alto risco, especialmente se os dados não forem anonimizados adequadamente.
- Consentimento Informado: A ANPD destacou que os usuários devem ser plenamente informados e fornecer consentimento explícito para o uso de seus dados nesse contexto, o que não está sendo garantido pela política atual da Meta.
Impacto e Reações
A advogada Patricia Peck, especialista em Direito Digital, considera a decisão da ANPD um recado para todas as empresas que administram plataformas de internet, ressaltando a importância de levar a sério a proteção de dados pessoais. "O caso envolve, principalmente, questões relacionadas ao princípio de transparência, de dar ciência prévia e clara ao titular sobre o tratamento de dados para fins de instrução algorítmica. E também para evitar a possibilidade de violação às liberdades individuais dos titulares", explica.
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Essa proibição representa um marco significativo na proteção de dados no Brasil, refletindo o rigor com que a ANPD está disposta a regular o uso de dados pessoais por grandes empresas de tecnologia. A medida visa garantir que os direitos dos usuários sejam respeitados e que as práticas das empresas estejam em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Próximos Passos
A Meta ainda não emitiu uma resposta oficial à proibição. No entanto, a empresa terá que revisar sua política de privacidade e implementar medidas que atendam aos requisitos estabelecidos pela ANPD, caso queira continuar utilizando dados de usuários brasileiros para treinar suas IAs.
A ANPD continuará monitorando as práticas da Meta e outras empresas de tecnologia para garantir a conformidade com a LGPD. Além disso, a autoridade está trabalhando para aumentar a conscientização dos usuários sobre seus direitos em relação à privacidade de dados e a importância de políticas de privacidade transparentes e acessíveis.
Essa decisão reforça a importância da proteção de dados pessoais no Brasil e estabelece um precedente para futuras ações regulatórias em um cenário cada vez mais digital e interconectado