Hang loose, comum entre o surfistas, sinal de paz e amor, e até os famosos "chifrinhos" com as mãos em referência ao Rock 'N' Roll estão sendo confundidos por criminosos como gestos alusivos a facções rivais em Mato Grosso, custando assim a vida de várias pessoas inocentes. Diante desse cenário imposto pela guerra urbana instalada pelas facções criminosas Comando Vermelho (CV), que utiliza o sinal "tudo 2", e pela organização Primeiro Comando da Capital (PCC), que adota o "tudo 3", o delegado da Polícia Civil Higo Rafael Ferreira alertou a população a evitar tirar fotos fazendo sinais que remetem a alguma simbologia desses grupos rivais.
“Na verdade, está causando um temor na população e são situações que não têm um padrão. Existem pessoas que não têm nem contato com facções criminosas e nem noção de que fazer uma simbologia determinada possa levá-las a risco. Mas oriento as pessoas a evitar esse tipo de simbologia, por mais que não tenham contato com nenhuma facção criminosa, pois, no mundo dessas pessoas, esses gestos são uma afronta. Então é melhor prevenir do que remediar”, alertou o delegado durante entrevista à Rádio CBN.
O exemplo mais recente de vítimas mortas por supostamente terem tirado fotos fazendo algum sinal alusivo à facção foi o das irmãs Porto. Rayane Alves Porto, de 28 anos, que era candidata a vereadora em Porto Esperidião (358 km de Cuiabá), e Rithiele Alves Porto, de 25 anos, foram sequestradas, torturadas e mortas em 14 de agosto. O crime ocorreu porque as vítimas teriam tirado uma foto no Rio Jauru simbolizando um número associado ao Comando Vermelho.
Um criminoso identificado como "Véio", apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV-MT) e que está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), teria ordenado a morte das jovens. Ele assistiu às execuções por meio de uma chamada de vídeo. Rayane postulava o cargo de vereadora na cidade, representando o partido Republicanos. Conforme divulgado na imprensa, os sequestradores obrigaram a jovem a fazer uma ligação para o candidato a prefeito em Porto Esperidião, Herculis Albertini (PSD). Na chamada, Rayane teria solicitado ajuda financeira para ser libertada do cativeiro.
No início do mês, Gabriela da Silva Pereira, de 16 anos, foi morta após fazer uma live em seu perfil criticando a maconha oferecida pela facção e, supostamente, fazendo o sinal "tudo 3". A reclamação despertou a ira da alta cúpula do CV, que mandou sequestrar a garota e submetê-la a sessões de tortura até sua morte. Ela foi encontrada com o rosto todo desfigurado, numa região de mata em Cáceres.
O jovem paulista Pablo Ronaldo dos Santos, de 23 anos, foi morto no município de Nova Ubiratã (506 km de Cuiabá) em 2023 após também ter supostamente feito o sinal do PCC. Pablo era morador de Pradópolis (SP) e estava em Mato Grosso a trabalho quando foi sequestrado em 19 de abril de 2023.
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