De surpresa, o comandante-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, anunciou, na noite desta sexta-feira (22), que passará o comando da instituição em breve, após quase três anos de liderança. Em um comunicado à tropa, o oficial fez um balanço de sua gestão.
Também expressou sua gratidão aos policiais militares que estiveram ao seu lado nesse período de intensa luta contra o crime organizado. "Há tempo para todas as coisas debaixo do céu", iniciou o Coronel Mendes, citando a Palavra de Deus, ao explicar a decisão de concluir o ciclo de dois anos, sete meses e vinte e um dias à frente da PMMT.
Ele ressaltou a importância de encerrar o comando com a sensação de dever cumprido, refletindo sobre os desafios enfrentados, as vitórias conquistadas e os momentos de superação ao lado dos policiais. Em seu comunicado, o coronel destacou o trabalho incansável da corporação no enfrentamento ao crime organizado, afirmando que a luta contra as facções foi o principal foco de sua gestão.
Mendes também comentou sobre as dificuldades enfrentadas ao longo do período, ressaltando a luta pela valorização profissional da PMMT e a busca constante por melhores condições de trabalho. Outro ponto abordado pelo Coronel foi a realidade enfrentada pela corporação em relação à legislação.
Ele afirmou que, embora a PMMT tenha sido incansável na prisão de criminosos, a legislação vigente ainda favorece a impunidade, o que dificulta a erradicação do crime organizado. “Foi contra as facções que mais centramos energia e esforço. Nesta luta, imperioso afirmar não houvera negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais. Demos a testa à essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite, e aqui, neste ponto, reside todos os porquês pelos quais defendemos todas as nossas ações nesses quase três anos: prendemos e prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos”, destacou.
Ele também fez questão de agradecer à coronel PM Francyanne e ao coronel PM José Nildo, pelas colaborações direta no combate à criminalidade. Além disso, expressou sua gratidão a todos os policiais militares, tanto oficiais quanto praças, que participaram das centenas de operações realizadas em todo o Estado.
O comandante enfatizou a importância do trabalho conjunto, destacando que, mais importante do que a guerra em si, foram os colegas de farda que estiveram "na trincheira" ao seu lado, lutando dia após dia pelo bem-estar da sociedade mato-grossense. “Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções têm certamente a mim como primeiro apoiador. Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis”, afirmou.
A tendência é Mendes vá para reserva e há comentários bastidores de que ele irá ser candidato a deputado estadual ou federal, em 2026. O governador deve anunciar nos próximos dias o substituto.
ÍNTEGRA DO COMUNICADO
Comunicado à tropa: gratidão e fim de ciclo
“Há tempo para todas as coisas debaixo do céu”, diz a Palavra de Deus. E crendo que sob sua direção conduzi a Polícia Militar de Mato Grosso nesses dois anos, sete meses e vinte e um dias, a contar de hoje, comunico a todos que passarei o Comando da PMMT em data próxima.
Neste momento de balanço e reflexão, não me ocorre palavra a não ser aquela que visa agradecer quem esteve comigo nesses dias de luta. Pois, mais importante que a própria guerra é quem está com você na trincheira ao lado. Quem viveu comigo dias de trabalho incansável contra o crime organizado acima de tudo. Dias vividos no combate das ruas com a tropa nas centenas de operações em todo o Estado. Dias de reuniões intermináveis em busca de soluções e da melhoria das condições de trabalho e da valorização profissional , pois essa necessitamos urgente de tratamento igualitário com as demais classes. Dias de portas abertas e fechadas. Dias de sol e chuva de norte a sul deste continental Mato Grosso que tive a honra de percorrer, município a município, unidade a unidade da PMMT, olhando no rosto de cada policial militar, ouvindo suas necessidades e levando saídas que não foram fáceis conquistar, e cuja lembrança a essa altura ofuscaria o que tenho a dizer aqui e agora: gratidão a quem lutou comigo; gratidão sobretudo ao meu Estado-Maior, Cel PM Francyanne, que travou este bom combate com galhardia heroica, ao meu Subchefe, Cel PM José Nildo, homem de honra que fez da função que ora exerce sua própria vida e motor que o move 24h contra a criminalidade. Agradeço, como não poderia deixar de ser nessa hora, a cada policial militar, oficiais e praças, que me deram a honra do Comando. A cada homem e mulher dessa tropa sem par, constituída de heróis anônimos, cujo esforço nosso em premiar foi constante, a despeito dos nãos recebidos.
Cabe, ainda, ressaltar nessa ocasião de cômputo, dizer com todas as letras contra quem lutamos e a série de porquês passarei a função com o absoluto sentimento do dever cumprido. Foi contra as facções que mais centramos energia e esforço. Nesta luta, imperioso afirmar não houvera negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais. Demos a testa à essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite, e aqui, neste ponto, reside todos os porquês pelos quais defendemos todas as nossas ações nesses quase três anos: prendemos e prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos.
Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções têm certamente a mim como primeiro apoiador.
Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis.
Encerro esse comunicado, exatamente como comecei, com a Palavra de Deus: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
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