Na tarde de ontem, terça-feira (15.10), a nossa equipe de reportagem conversou com Déda, pescador e morador de Pontes e Lacerda há mais de 40 anos. Déda, que falou em nome de outros pescadores da região, expôs sua preocupação com a situação crítica do Rio Guaporé, agravada pelas secas e a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ao longo do curso do rio.
Segundo Déda, a construção dessas PCHs tem causado grandes variações no nível da água, que pode baixar de 80 centímetros a 1 metro em questão de dias. Ele relata que essa instabilidade está afetando a vida aquática, levando à morte de peixes e à degradação do rio.
"O rio chega a recuar até 4 metros em alguns dias, e os peixes ficam à mercê. Quando a água escoa, eles ficam presos e morrem", disse Déda, destacando o impacto não apenas na vida aquática, mas também nas atividades de lazer e sustento da população local.
Déda e os outros pescadores também apontam para o descuido das PCHs, que, segundo ele, não estabilizam o fluxo de água corretamente. "A impressão que dá é que falta conhecimento e qualificação dos operadores das usinas. Eles parecem não estar preocupados com o bem comum, que é o rio", afirmou.
Além disso, Déda também fez um apelo à conscientização ambiental, destacando o problema do lixo deixado por visitantes às margens do Rio Guaporé, que acaba sendo levado para o rio pelas enxurradas.
A preocupação dos pescadores reflete a urgência de preservar o Rio Guaporé. "Se não fizermos algo agora, em cinco anos, não será mais possível navegar no Rio Guaporé", alertou Déda. Ele destacou a importância de unir a população e as autoridades para buscar soluções e evitar a destruição do rio, que é fonte de lazer, sustento e beleza natural da região.
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